Aposentadoria de Luxo: O Dilema de Afonso Florence
A política baiana vive em sua essência um jogo de poder, onde os interesses se entrelaçam como fios invisíveis, criando uma trama complexa e, muitas vezes, sutil. A história de Afonso Florence (PT) é um capítulo à parte. Ao que parece, ele não quer deixar o cargo de Casa Civil, mesmo quando o convite para uma aposentadoria dourada foi colocado sobre a mesa. Florence recusa o descanso merecido, e, em sua resistência, constrange o governador Jerônimo Rodrigues, que se vê na obrigação de lidar com esse desconforto. Mas há algo de mais intrincado nisso. Caso Florence persista em seu desejo de reassumir o mandato na Câmara, Jerônimo, de forma estratégica, poderá apoiar o nome de Josias Gomes (PT) para conselheiro nos tribunais de contas. Isso, é claro, não se trata apenas de um jogo político, mas de um ajuste fino, quase uma engenharia de poder, que visa agradar aos apetites da cúpula petista. O que parece, por ora, é que Florence quer desafiar essa aposentadoria de luxo, recusar um descanso digno e, ao fazê-lo, criar mais um imbróglio para um governador já cercado de desafios.
Quórum Baixo: O Reflexo de uma Assembleia em Declínio
Quando o tema é o quórum na Assembleia Legislativa da Bahia, a imagem que se forma é a de uma instituição em declínio. A confraternização de final de ano, realizada no restaurante Barbacoa, foi o reflexo disso. Menos da metade dos 63 deputados estaduais compareceu ao evento. Menos ainda tiveram o ímpeto de marcar presença, inclusive o governador Jerônimo Rodrigues, que no ano passado deu as caras. Este ano, a ausência foi tão notável quanto o desinteresse de Adolpho Loyola, o novo secretário de Relações Institucionais. O que se vê aqui não é uma simples falta de presença, mas o reflexo de um cansaço coletivo, de uma política esvaziada de energia. O poder se esvai aos poucos, e o cansaço se reflete não só na falta de presença, mas na falta de ideias, na falta de ações concretas.
Haja Grana: O Reconhecimento Facial na Educação e a Piada do Presidente
No entanto, a Assembleia ainda tem seu papel no teatro político da Bahia. Aprovou, por exemplo, o projeto de lei do deputado Hassan (PP), que autoriza o uso do reconhecimento facial nas escolas estaduais. Algo aparentemente moderno, avançado, mas cuja viabilidade é questionada. O presidente da Casa, Adolfo Menezes (PSD), soltou uma piada amarga: "Um dos melhores projetos. Só não se sabe como o governo vai arrumar tanto dinheiro para implantar isso em tantas escolas." Como sempre, o dinheiro é o verdadeiro motor por trás das grandes reformas. As promessas de modernidade parecem falhar quando confrontadas com a realidade financeira. E, no fundo, o reconhecimento facial acaba se tornando mais uma ideia distante, como tantas outras no Brasil.
Zé Cocá e o Futuro da Política em 2026
E, como não poderia deixar de ser, há os jogos de futuro. O secretário-geral do PP baiano, Jabes Ribeiro, vislumbra Zé Cocá, o prefeito de Jequié, como uma estrela ascendente para 2026. Ele aparece agora como uma opção em potencial para qualquer cargo, seja como candidato a governador ou qualquer outro, dado seu fortalecimento nas urnas. Zé Cocá, com a sua habilidade política, reuniu mais de 40 prefeitos em Jequié, e, ao que tudo indica, está se preparando para algo grandioso. Mas a política não é feita só de alianças e articulações; é um jogo de imagens, e quem se posiciona mais cedo tende a dominar o tabuleiro.
Nudes no Tribunal: A Trama Escandalosa do Judiciário
E não faltam escândalos na Bahia. O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que já vive assombrado pela Operação Faroeste, agora se vê envolto em um escândalo que pode ser ainda mais explosivo. Entre trocas de nudes entre autoridades e representantes do Bradesco, surgem imagens e conversas que colocam o Judiciário em um estado de desespero. Não se trata apenas de um caso isolado, mas de uma verdadeira guerra nos bastidores, onde o poder e a moral se misturam de maneira insustentável. As "caras e bocas" podem ser apenas a ponta do iceberg, mas, no fundo, o que está em jogo é a confiança pública nas instituições. O Judiciário baiano, até então visto como uma fortaleza, agora está em frangalhos.
Pitaco: Os Movimentos dos Bastidores
A política, como sabemos, é feita de movimentos sutis e ajustes finos. O líder do governo na Assembleia, o deputado Rosemberg Pinto (PT), vê com naturalidade a adesão do deputado federal Elmar Nascimento (União) à base de Jerônimo. Afinal, essa é a política: uma troca de lugares e alianças, muitas vezes sem o menor remorso. Por outro lado, a aprovação da entrega do título de cidadão baiano aos ministros Luís Roberto Barroso e José Antonio Dias Toffoli, do STF, gerou discussões nos bastidores. Será que vão receber a honraria antes ou depois de decidirem sobre a reeleição de Adolfo Menezes à presidência da Assembleia? Perguntas que, no fim, são apenas uma parte de um jogo de interesses mais profundo.
A política baiana, como em qualquer lugar, é uma grande comédia. Atores se trocam de posições, alianças são feitas e desfeitas, e a população assiste, sem saber muito bem se deve rir ou chorar.
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