O senador Ângelo Coronel (PSD) movimentou o cenário político baiano na semana passada ao formar o próprio bloco de dez parlamentares na Assembleia Legislativa. Ele garante que foi procurado para ser o porta-voz do grupo formado pelo filho homônimo e pelos deputados Hassan (PP), Antonio Henrique Júnior (PP), Felipe Duarte (PP), Nelson Leal (PP), Niltinho (PP), Raimundinho da JR (PL), Vitor Azevedo (PL), Luciano Araújo (PL) e Laerte do Vando (Podemos).
Embora tenha mudado o discurso e garanta agora que o PSD não vai encorpar o G10, apesar da presença de Ângelo Coronel Filho, filiado à sigla, o senador não descarta, nesta entrevista exclusiva ao site Política Livre, o crescimento do grupo. Ele admite ainda que o governo Jerônimo Rodrigues (PT) enfrenta problemas no relacionamento com a base na Assembleia e promete intervir como governista.
Na entrevista, Coronel garante ainda que será candidato à reeleição em 2026, mesmo que em um cenário com mais de dois postulantes da base governista. Para tirar o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), da disputa por uma cadeira ao Senado, o parlamentar defende, em alguns momentos de forma irônica, que o petista concorra à Presidência da República.
Ângelo Coronel também lança o senador Otto Alencar (PSD) como postulante ao comando do Senado e diz que pretende priorizar os municípios como relator do orçamento de 2025 da União. Confira a íntegra!
Uma das lutas do senhor no Senado é pela regularização dos jogos de azar no Brasil. Está avançando como acha que deveria?
Eu fui o relator do projeto da legalização das Bets, que invadiram os corações do povo brasileiro. Os estádios todos hoje têm propaganda de Bets, assim como os maiores clubes do Brasil. É um segmento responsável por gerar empregos, renda e mídia. São grandes patrocinadores. O que defendemos é que isso continue com regulamentação, com cobrança de impostos. Então, nós conseguimos emplacar o nosso relatório, que já foi aprovado. Eu estou achando, inclusive, que há uma morosidade muito grande por parte do governo. Eu não sei o que está havendo dentro da equipe econômica. Porque tem velocidade para umas coisas e parece uma carruagem antiga para outras. Isso representa R$5 bilhões de cara nos cofres da União.
“Eu estou trabalhando o nome de Otto para ser o próximo presidente do Senado para disputar a eleição com Davi Alcolumbre”
Em 2025 teremos eleição para a presidência do Senado. O que se diz é que o senador David Alcolumbre (União-AP) é o favorito para substituir Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Como o senhor analisa o cenário atual?
Tenho conversado muito com os colegas e temos a alternativa, a opção, do senador Otto Alencar (PSD). É uma pessoa que tem experiência aqui no Senado. Tem bom trânsito entre os colegas. Então, eu estou trabalhando o nome de Otto para ser o próximo presidente do Senado, para disputar a eleição com Davi Alcolumbre.
O senador Otto Alencar aceitou já essa missão? E esse movimento não poderia atrapalhar os planos do deputado federal Antonio Brito, líder do seu partido na Câmara, de disputar a sucessão naquela Casa?
Otto está inclinado a aceitar. Ele aceitando, vamos entrar em campo com vários colegas para uma atuação nos bastidores. Na Câmara, é uma outra Casa. Não atrapalharia porque já tivemos o caso do União Brasil, que comandou recentemente a Câmara e o Senado. Aliás, eles estão tentando de novo, com o próprio Alcolumbre e com o líder deles na Câmara, o deputado Elmar Nascimento. Alcolumbre, do União Brasil, já foi presidente do Senado enquanto o (ex-deputado) Rodrigo Maia comandava a Câmara. Por que não pode acontecer com o PSD?
O presidente Lula (PT) tem emitido sinais de que pode tentar a reeleição em 2026. O senhor considera isso positivo?
É uma pergunta difícil para responder: qual seria o candidato ideal em 2026? Eu acho que tem que ser um nordestino. Se for baiano, não tenho dúvidas de que eu escolheria o nome do ministro Rui Costa (Casa Civil, do PT). Lula é de Pernambuco, mas militou muito tempo em São Paulo. E o Rui foi um governador que foi muito bem avaliado. Foi um tocador de obras. Apesar do seu estilo durão, isso não quer dizer nada. O importante é que seja alguém também que mantenha uma boa relação com o Congresso. O governo Lula ainda não encontrou o caminho da pacificação do Congresso.
Em 2022, o senhor foi criticado por alguns aliados por ficar ausente da campanha vitoriosa de Jerônimo. Isso afetou de alguma forma sua relação com ele?
Não sou de ficar em palanque batendo palma. Eu tenho um estilo diferente de fazer política. Eu não sou de ficar toda hora correndo atrás e olhando para a cara do governador. Temos uma relação boa, mas não fico puxando saco, tomando tempo. Quando eu quero alguma coisa, quando tenho alguma demanda, pego o telefone e ligo. Não fico nesse negócio de marcar audiência, jogando conversa fora. Tenho outras atividades fora da política que ocupam tempo também. Eu posso não ter participado efetivamente (da campanha de 2022), como realmente não participei do dia a dia, mas tive dois filhos que se elegeram muito bem votados que participaram da campanha (de Jerônimo) praticamente todos os dias, em todos os momentos. Então, a família Coronel tem isso, quando um não vai, tem um representante lá. Quando eu não posso, o (deputado estadual) Ângelo Coronel Filho vai, ou o (deputado federal) Diego Coronel vai. Graças a Deus somos três para isso.
Em 2026 teremos eleições estaduais e gerais, com duas vagas para o Senado em jogo. O senador Jaques Wagner (PT) se antecipou e já disse que uma é dele. Afirmou, ainda, que a candidatura à reeleição de Jerônimo está assegurada. Como o senhor pretende assegurar a outra vaga para a Casa Alta do Congresso, sobretudo se o ministro Rui Costa, que o senhor quer ver presidente, decidir concorrer?
Eu já disse que também pretendo disputar o Senado pelo PSD. No partido, junto ao senador Otto Alencar, presidente do PSD (na Bahia), é praticamente unanimidade a manutenção do nosso nome. Para mim, inclusive, será um prazer disputar novamente o Senado ao lado de Wagner, por ser uma pessoa muito carismática, que me ajudou na campanha (de 2018). Preciso de alguém com mais experiência para me ajudar. Quanto à candidatura de Rui, já disse que defendo que ele seja candidato a presidente (risos). Rui será candidato à Presidência e eu ao Senado ao lado de Wagner. Porque o ex-governador é um bom tocador de obras, é um gestor.
O senhor cogita mudar de partido para concorrer ao Senado em 2026, se isso facilitar o caminho?
Não, eu sou fundador do PSD e pretendo continuar no PSD enquanto eu estiver na vida pública. Não há projeto de mudança em hipótese alguma, apesar de ter recebido convites, de ter amizades com vários presidentes de partido.
“Agora eu sou defensor daquela tese: por mim, poderia cada partido lançar o seu candidato a senador. Não teve nenhum problema nisso. Já tivemos eleições com três, quatro candidatos da base”
O senhor também descarta fazer um movimento semelhante ao do hoje deputado federal João Leão (PP), que mudou de lado em 2022 para concorrer ao Senado, embora tenha desistido antes do início oficial da campanha?
Não existe. Agora, eu sou defensor daquela tese: por mim, poderia cada partido lançar o seu candidato a senador. Não tem nenhum problema nisso. Já tivemos eleições com três, quatro candidatos da base. Qual o problema? Não tem a obrigação de decidir quem será candidato quem está no comando. Eu tenho direito à reeleição, direito institucional, como Wagner tem. Mas se os outros partidos da base quiserem lançar seus candidatos, eu não sou contra. Se Rui quiser ser candidato, não sou contra nada disso.
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